Sobre o autor
Sabemos que o tratamento contra o câncer é um momento delicado que exige muita atenção e cuidado. Pensando nisso, trouxemos uma especialista, a psicóloga Glaucia dos Santos (CRP 06/121194), para um bate-papo sobre o tema autocuidado e autoestima durante o tratamento contra o câncer.
Temos certeza que a entrevista irá te trazer um olhar diferenciado sobre o assunto. Confira a seguir!
O que você vai encontrar neste artigo:
ToggleO autocuidado está relacionado aos cuidados pessoais que temos conosco, proporcionando um equilíbrio entre os aspectos psicológicos e físicos necessários para o nosso bem-estar, que incluem higiene pessoal, hábitos saudáveis com a alimentação, atividade física, lazer, relacionamentos sociais sadios e um bom gerenciamento das nossas emoções.
Nossa autoestima é resultado da visão que construímos sobre nós mesmos, por meio dos nossos aprendizados, criação e experiências.
Em outras palavras, é resultado de nossas crenças. Para conseguirmos mudanças efetivas e duradouras em nossa atitude e em como nos sentimos precisamos mudar esse nível da nossa forma de pensar.
Esse é exatamente o foco da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), o conhecimento dos pensamentos, emoções e comportamentos influenciados por estas crenças mais profundas que temos de nós mesmos.
A autoestima é a percepção que temos de nós mesmos e está diretamente ligada ao autocuidado, em que o indivíduo cuida de si mesmo para manter seu corpo e a mente em equilíbrio.
Uma boa autoestima é fundamental, pois contribui para o aumento das emoções positivas, permite alcançar maior eficácia nas tarefas, melhora as relações com as pessoas e nos garante independência e autonomia.
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O câncer desencadeia reações com impactos orgânicos e emocionais, provocando sentimentos, desequilíbrios e conflitos internos, além de causar um sofrimento intenso capaz de resultar em desorganização psíquica.
A descoberta da doença pode desencadear sentimentos como impotência, desesperança, temor, raiva, tristeza e apreensão, contribuindo também de forma multifatorial para o acometimento de psicopatologias como uma depressão.
Diversos estudos demonstram que o diagnóstico de câncer é vivido como um momento de angústia e ansiedade, pelo motivo da doença ser rotulada como dolorosa e mortal, consequentemente, desencadeando preocupações em relação à morte.
Além do momento do diagnóstico, ao longo do tratamento, o paciente vivencia perdas e diversos sintomas que, além de acarretar prejuízos ao organismo, coloca-o diante da incerteza em relação ao futuro, aumentando assim sua ansiedade.
Uma outra forma de reação ao diagnóstico é o suicídio. Esta vulnerabilidade é demonstrada amplamente na literatura sobre o tema.
Assim, torna-se primordial uma atenção especial para essas reações, com acompanhamento por profissionais especializados em Saúde Mental, com Psicólogo e Psiquiatra.
A reação das pessoas para um mesmo problema é individual e a queda do cabelo tem um sentido diferente de acordo com as crenças e história de vida de cada paciente.
No entanto, os cabelos são simbólicos para a sociedade, principalmente para as mulheres, que expressa sua feminilidade.
Sentimentos como vergonha, insegurança, raiva ou resignação podem surgir nesse processo, acompanhada por questionamentos como: “Por que comigo?”, “O que eu fiz para passar por isso?” ou “Tinha que ser assim mesmo”. Neste momento, para alguns pacientes há uma percepção e distorção de pensamentos, que enxerga a vida como injusta, por exemplo.
No âmbito da psicologia, a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) contribui para o paciente adaptar o tratamento a suas vidas bem como flexibilizar as visões de si próprio a esta nova situação. A psicoterapia tem por objetivo facilitar a aderência ao tratamento, oferecer suporte emocional frente ao diagnóstico, prevenir comportamentos de risco a saúde, dentre outros.
Há estudos que também demonstraram a efetividade da Espiritualidade como estratégia para o enfrentamento do diagnóstico, sendo um fator de proteção nesse período, proporcionando suporte, conforto e equilíbrio diante das adversidades da doença.
O diagnóstico de câncer possui alto impacto nos aspectos físicos e emocionais do paciente, bem como na aparência.
A influência do ambiente é essencial na condição psicológica dos pacientes e que qualquer medida para valorização da estética deve ser entendida como uma questão de autocuidado.
Neste sentido, pesquisas demonstram que pacientes com autoestima mais elevada possuem taxas de aderência mais altas ao tratamento, ou seja, envolvem-se mais, além de se sentirem mais seguros e tranquilos. Todas essas características trazem impactos significativos ao tratamento.
O acompanhamento psicológico também é fundamental, pois visa o fortalecimento de recursos internos dos pacientes como confiança na vida, autoaceitação e aproximação dos seus valores de vida.
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Alguns pacientes podem apresentar psicopatologias, entre elas a mais comum é o diagnóstico de depressão que pode ocorrer antes, durante ou depois do tratamento do câncer.
A depressão é um tipo de transtorno de humor, que pode dificultar o tratamento da doença, portanto identificar e tratar são partes importantes do processo.
Os sintomas depressivos incluem o humor deprimido na maior parte do dia, sentimento de tristeza, vazio e desesperança. Acentuada diminuição do interesse ou prazer nas atividades. Perda ou ganho significativo de peso, redução ou aumento do apetite, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração e indecisão. Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico.
Os sintomas causam sofrimento e impactos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas da vida do paciente.
Recomendo a leitura do livro “A morte é um dia que vale a pena viver: E um excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida”, da autora Ana Claudia Quintana Arantes, Editora Sextante.
Durante o tratamento oncológico, é de suma importância trabalhar com o paciente em sua totalidade (biopsicossocial).
No que diz respeito à saúde mental do paciente, para a Terapia Cognitivo-Comportamental, existe uma possível relação entre a crença que o paciente tem da doença e os sentimentos vivenciados por ele a partir do diagnóstico. Além disso, leva a sugerir uma prática interventiva junto ao paciente, principalmente no momento do diagnóstico, bem como no decorrer do tratamento.
Essa atuação profissional seria no sentido de proporcionar uma maior adaptação à situação vivenciada, adequação esta que poderá reduzir significativamente o impacto psicológico do diagnóstico, ou seja, reduzir a resposta emocional apresentada sob a forma, muitas vezes, de um transtorno emocional.
A terapia cognitivo-comportamental faz uso de estratégias e técnicas com o objetivo de trabalhar as cognições disfuncionais acerca da doença, pensamentos e sentimentos desencadeados a partir do diagnóstico, que podem estar influenciando o estado emocional do paciente e, consequentemente, contribuindo para um agravamento do quadro.
Além disso, essa intervenção tem como objetivo permitir ao paciente falar da doença, dos medos e tantos outros sentimentos vivenciados em virtude do seu estado de saúde, ou de quaisquer outros temas que o paciente julgar importantes para ajudá-lo a um melhor enfrentamento do câncer e a uma melhor qualidade de vida e aproximação dos seus valores de vida.
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