Mulheres na Ciência: de Hipátia de Alexandria a Tiina Karu
Imagine um mundo sem wi-fi, sem tratamentos para o câncer, sem descobertas sobre o DNA ou sem a cura para doenças infecciosas. Agora, saiba que muitas dessas revoluções só existiram porque mulheres desafiaram séculos de exclusão1 para colocar a ciência no mapa.
A presença das mulheres na ciência é tão antiga quanto a própria busca pelo conhecimento. De fato, em cada canto da história elas ousaram desafiar convenções, inovar e, frequentemente, superar barreiras impostas por sociedades patriarcais2. Hoje, sobretudo, vamos explorar um pouco dessa trajetória fascinante que une genialidade e muita resistência.
Mulheres pioneiras: quando a ciência era “coisa de bruxa”
Em princípio, a primeira mulher amplamente ilustre da ciência foi a polímata Hipátia de Alexandria (século IV)3. Nesse ínterim, como matemática, astrônoma e filósofa, foi uma das figuras mais eminentes do pensamento neoplatônico e líder da Escola de Alexandria.
A atriz Rachel Weisz deu vida a Hipátia no filme Alexandria (2009), dirigido pelo espanhol Alejandro Amenábar
No entanto, há indícios de mulheres como Tapputi-Belatekallim4 (“Tapputi, a superintendente feminina do palácio”), da Mesopotâmia, que criou perfumes há 3.200 anos usando destilação.
Considerada, em suma, a primeira química da História, ela utilizava processos rudimentares a fim de extrair essências e criar fragrâncias, demonstrando uma primitiva forma de experimentação científica.
Tabuleta de argila que menciona fórmulas de Tapputi-Belatekallim (cerca de 1200 a.C.)
Aliás, na Idade Média, Trotula de Salerno5 revolucionou a Medicina ao escrever tratados sobre saúde feminina, desafiando principalmente a ideia de que mulheres não podiam entender seus próprios corpos. Seus livros, além disso, foram atribuídos a homens por séculos7.
Livro Sobre as Doenças das Mulheres, de Trotula de Salerno, o primeiro sobre ginecologia e obstetrícia de que se tem notícia. Material de referência sobre a saúde da mulher até o século XVII, foi publicado no Brasil somente em 2018. Fonte: Editora UFSC/DLLE/PGET.
“Pode copiar, só não faz igual”
No século XVII, a alemã Maria Sibylla Merian8 viajou ao Suriname para estudar insetos. Seus desenhos detalhados de metamorfose foram tão revolucionários que, anos depois, Linnaeus usou seu trabalho para classificar espécies — o que incluiu, diga-se de passagem, criar obras quase idênticas às ilustrações naturalistas de Merian9.
Ilustração de Linnaeus (esquerda) e de Maria Sibylla Merian (direita)10. Fonte: Natural History Museum/Royal Collection Trust.
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Quem foi a mulher mais importante da ciência?
Marie Curie: o legado da radioatividade
Inegavelmente, se o critério for a relevância dos prêmios, Marie Curie leva: foi a primeira mulher a ganhar o Nobel (1903) e a única pessoa com um Nobel em duas áreas (Física e Química)11.
Marie Curie em seu laboratório em Paris (1912). Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
Sua história é épica: só para ilustrar, ela carregava frascos de rádio no bolso12 (sim, isso a matou) e usou seu conhecimento para criar unidades móveis de raio-X na Primeira Guerra, salvando milhares de soldados. Ainda assim, há outras candidatas.
Katherine Johnson: a matemática que escreveu equações espaciais
Katherine Coleman (seu nome de solteira) nasceu em 1918 na Virgínia Ocidental, EUA, em um estado onde escolas para negros só iam até o 8o ano.
Seu talento para matemática era tão absurdo que, em 1939, Katherine foi selecionada como um dos 3 primeiros estudantes negros a ingressar na West Virginia University. Fonte: NASA.gov.
Em 1953, surpreendentemente, entrou na NACA (antecessora da NASA) como “computador humano” — integrou um grupo de mulheres negras que faziam cálculos à mão em uma sala segregada13. Destacou-se rápido:
Em 1961 – Calculou a trajetória do voo de Alan Shepard, o primeiro americano no espaço.
Em 1962 – Antes de o astronauta John Glenn orbitar a Terra, exigiu: “Peçam à garota para verificar os números do computador. Só confio se ela disser que estão certos”.
Em 1969 – Seus cálculos de janela de lançamento sincronizada com a Lua foram cruciais para o sucesso da Apollo 1114.
Hedy Lamarr: a atriz de Hollywood que inventou a base da comunicação sem fio
Hedy Lamarr não era apenas uma estrela de cinema dos anos 1940. Em contraste com a carreira nas Artes e durante a Segunda Guerra Mundial, ela e o compositor George Antheil desenvolveram, a partir de uma sessão de piano, um sistema de salto de frequência que foi patenteado em 194215.
A tecnologia, criada para evitar a interceptação de torpedos, foi a base do wi-fi, do Bluetooth e do GPS16.
Lamarr jamais ganhou um centavo por sua invenção. Só em 1997, três anos antes de morrer, recebeu um prêmio honorário por sua contribuição à tecnologia. Imagem: Domínio Público/MGM.
Rosalind Franklin: a foto roubada que revelou o segredo da vida
Rosalind Franklin (1920-1958) foi a biofísica que capturou a seminal Foto 51, imagem de raio-X que revelou a estrutura helicoidal do DNA.
Foto 51, segundo a qual foi deduzida a estrutura do DNA. Fonte: King’s College London Archives/BBC.
Seus dados foram usados sem autorização por James Watson e Francis Crick17 a fim de publicar sobre o modelo da dupla hélice em 1953. Franklin morreu de câncer aos 37 anos, quatro anos antes do Nobel de 1962 — que não a mencionou.
Revanche histórica
Como resultado, em 2023, o Conselho Europeu de Pesquisa criou o Prêmio Rosalind Franklin para cientistas mulheres.
Gertrude B. Elion: a ganhadora do Nobel sem um doutorado formal
Gertrude B. Elion (1918-1999) desenvolveu os primeiros quimioterápicos eficazes contra leucemia e linfoma. Seu trabalho também levou, posteriormente, à criação do azidotimidina (AZT), primeiro remédio contra a AIDS.
Em 1988, ela compartilhou o Prêmio Nobel de Medicina com seu ex-colega George Hitchings e o pesquisador Sir James Black. Naquele período, fazia parte de um seleto grupo de apenas dez mulheres laureadas com um Nobel em Ciências e estava entre as poucas a conquistar essa distinção sem um doutorado formal.
Apesar disso, já havia sido agraciada com doutorados honorários de diversas instituições, incluindo a Brooklyn Polytechnic, que, anos antes, a incentivara a deixar seu cargo na Burroughs Wellcome.
Tu Youyou: a cientista que salvou milhões com uma erva chinesa
Tu Youyou (1930-) descobriu a artemisinina, tratamento que reduziu globalmente a mortalidade por malária18. Em síntese, inspirada por textos médicos antigos, ela testou extratos de Artemisia annua em si mesma antes de comprovar sua eficácia.
Por consequência, recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2015 por sua descoberta da artemisinina. Antes disso, em 2011, ela já havia sido reconhecida com o Prêmio Lasker-DeBakey de Pesquisa Médica Clínica.
Françoise Barré-Sinoussi: a pesquisadora que decifrou o vírus da AIDS
Françoise Barré-Sinoussi (1947-) co-descobriu o vírus HIV em 1983, abrindo caminho para testes e tratamentos.
Seu Nobel de Medicina (2008) foi um marco, mas ela ainda critica a falta de investimento em prevenção: “A AIDS não acabou. Ainda mata 630 mil pessoas por ano”19.
Explore mais
Para mergulhar nessas histórias (e em muitas outras), visite a exposição virtual Mulheres na Ciência, do Google Arts & Culture. O link está no final deste artigo.
Com toda a certeza, por trás dessa técnica está Tiina Karu, biofísica estoniana cujo trabalho nos anos 1980 desvendou um dos segredos mais fascinantes da biologia celular. Prepare-se para uma história que mistura células que “comem” luz e até astronautas da NASA.
Tiina Karu, figura central na descoberta de como a fotobiomodulação atua nas mitocôndrias. Imagem: Institute for Spectroscopy RAS/Divulgação.
A descoberta que mudou tudo: a luz como combustível celular
Na década de 1980, enquanto a comunidade científica focava em medicamentos e cirurgias, Karu investigava um fenômeno intrigante: por que determinados comprimentos de onda da luz podiam, em síntese, influenciar processos celulares, incluindo o crescimento de vegetais no espaço e o combate à queda de cabelo?
Karu demonstrou que a citocromo c oxidase, uma enzima crucial na cadeia respiratória mitocondrial, atua, sem dúvida, como fotorreceptor para a luz nos comprimentos de onda vermelho e infravermelho próximo.
Estudos indicaram, analogamente, que a absorção ocorre principalmente nas faixas de 600-860 nm, com picos de eficácia em 620, 680, 760 e 820 nm20.
A absorção da luz pela citocromo c oxidase resulta em21:
Aumento da produção de ATP. A estimulação da enzima melhora inesperadamente a eficiência da cadeia respiratória, elevando os níveis de ATP.
Modulação do estresse oxidativo. A fotobiomodulação influencia a produção de espécies reativas de oxigênio, ajudando, sobretudo, a equilibrar os radicais livres.
Ativação de vias de sinalização. A luz pode desencadear cascatas de sinalização que promovem a expressão de genes relacionados à proliferação celular e ao reparo tecidual.
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Do laboratório para a clínica
Karu não ficou na teoria. Seus estudos pavimentaram, finalmente, terapias hoje consagradas:
Fisioterapia. A fotobiomodulação tem sido aplicada no tratamento de tendinites e artrites, com dispositivos de laser de baixa intensidade aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) para uso terapêutico.
Dermatologia. A FBM tem demonstrado eficácia no tratamento de úlceras diabéticas e queimaduras, com a finalidade de acelerar a cicatrização22.
Dermatologia e tricologia. O uso de LEDs para estimular folículos capilares tem sido aplicado com sucesso no tratamento da alopecia androgenética por meio de dispositivos como bonése capacetes, incluindo os da Capellux.
Neurologia. Pesquisas recentes investigam, nesse sentido, o uso da FBM para auxiliar na recuperação neurológica após um AVC, com estudos iniciais apontando benefícios promissores de dispositivos de fotobiomodulação transcraniana (tFBM), como o boné Infrallux.
A ciência moderna ainda é um Clube do Bolinha?
Hoje, apenas 33% dos pesquisadores do mundo são mulheres, segundo a UNESCO23. Inclusive, em áreas como Física e Engenharia, o número cai para 28%.
Todavia, há avanços: países como Argentina e Tunísia têm maioria feminina em ciências, com o Brasil ocupando a terceira posição. Só para exemplificar, iniciativas como o Prêmio L’Oréal-UNESCO para Mulheres na Ciência estão, eventualmente, mudando esse jogo.
Mulheres na Ciência: a exposição
Para mergulhar nesse universo, visite a exposição virtual Mulheres na Ciência, parceria do Google com museus globais.
Conclusão
Cada descoberta dessas mulheres provou que o conhecimento não tem gênero. Cada contribuição, tenha sido feita há milênios ou em tempos modernos, reforça a importância de investir em políticas inclusivas e na educação, para que o potencial de cada menina e cada mulher seja reconhecido e valorizado.
Tiina Karu, por exemplo, não apenas descobriu como a luz “conversa” com nossas células — ela iluminou o caminho para a medicina do futuro. Por meio de suas pesquisas, ficou comprovado que comprimentos de onda específicos podem estimular vias metabólicas importantes, abrindo espaço para terapias inovadoras que vão desde o tratamento da queda de cabelo até a redução de processos inflamatórios.
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Referências bibliográficas
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