Sobre o autor
A alopecia areata é uma doença autoimune que provoca perda não cicatricial de cabelos ou pelos em áreas circunscritas. Trata-se de uma condição comum, afetando até 2% da população global.1
Pode acometer ambos os sexos, todas as etnias e faixas etárias – inclusive crianças – embora alguns estudos indiquem discreto predomínio no sexo feminino em casos de início tardio (acima dos 50 anos).
Clinicamente, a alopecia areata é relevante não apenas pela queda de cabelo em si, mas também pelo impacto psicossocial significativo: pacientes apresentam maiores índices de ansiedade e depressão comparado à população geral.
Em virtude desse impacto e da ausência de cura definitiva conhecida, a alopecia areata tem recebido atenção crescente da comunidade médica. Nos últimos anos, avanços na compreensão imunológica da doença levaram ao desenvolvimento de terapias inovadoras – por exemplo, os inibidores de JAK (Janus kinase) – com resultados promissores e aprovação de tratamento sistêmico específico pela FDA (Food and Drug Administration) em 2022 e pela Anvisa em 2023.
Para dermatologistas e tricologistas, é fundamental conhecer as bases clínicas e científicas da alopecia areata para orientar os pacientes e instituir as melhores opções terapêuticas.
O que você vai encontrar neste artigo:
ToggleAlopecia areata em placas no couro cabeludo de um paciente do sexo masculino, mostrando múltiplas áreas calvas bem delimitadas.
O quadro clínico da alopecia areata caracteriza-se por queda abrupta de cabelos em placas arredondadas ou ovais, geralmente no couro cabeludo, barba ou outras áreas pilosas.
As lesões tipicamente apresentam-se como placas de alopecia totalmente desprovidas de fios, com limites bem definidos e a pele subjacente aparentemente normal (sem sinais inflamatórios ou cicatrizes). Em muitos casos, há apenas uma placa isolada, mas não raramente surgem múltiplas placas que podem coalescer formando áreas amplas de calvície.
Uma variante notável é a alopecia areata ofiásica, em que a perda de cabelo forma uma faixa contornando as regiões occipital e temporal do couro cabeludo. Também podem ocorrer padrões difusos (diminuição generalizada da densidade capilar) ou formas extensas, como alopecia totalis (perda de todos os fios do couro cabeludo) e alopecia universalis (perda de todos os pelos do corpo).
Geralmente, a alopecia areata é assintomática do ponto de vista de sintomas físicos – isto é, não há dor, queimação ou prurido significativos na área de alopecia. O principal “sintoma” referido é a percepção da queda de cabelo em tufos ou o surgimento das placas calvas em poucas semanas.
No exame clínico, um sinal característico da atividade da alopecia areata são os “pelos em ponto de exclamação”. Esses pelos são curtos, afilando em direção à base (próxima ao couro cabeludo) e mais espessos na ponta distal – lembrando um ponto de exclamação invertido – e usualmente são observados na periferia das placas ativas de alopecia. Sua presença é altamente sugestiva de alopecia areata e indica atividade inflamatória contínua no folículo.
Outros achados clínicos incluem os “pontos negros” (pontos escuros visíveis nos poros, correspondendo a fios quebrados rente ao couro cabeludo) e pelos vellus finos e esbranquiçados brotando nas áreas calvas, indicando início de regeneração.
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A alopecia areata é causada por um ataque autoimune aos folículos pilosos em indivíduos geneticamente predispostos. Em condições normais, os folículos capilares possuem certo privilégio imunológico, ou seja, são relativamente protegidos de vigilância autoimune.
Na alopecia areata, acredita-se que ocorra uma quebra desse privilégio imunológico, levando o sistema imune a reconhecer estruturas do folículo como autoantígenos e montar uma resposta contra eles.
Citocinas pró-inflamatórias do eixo Th1 (como IFN-γ, IL-2, TNF-α) e do eixo Th17 (IL-17, etc.) são elevadas nas lesões e correlacionam-se com a atividade da doença.2
Esses mediadores promovem a interrupção prematura do ciclo capilar (levando os fios da fase anágena de crescimento para catágena/telógena de queda) e recrutam mais células imunes ao redor do bulbo piloso, perpetuando a alopecia.
O diagnóstico de alopecia areata é, na maioria dos casos, clínico. Uma história de perda rápida de cabelo em áreas delimitadas, associada aos achados típicos no exame dermatológico (placas de alopecia não cicatricial com pelos em ponto de exclamação na periferia) é geralmente suficiente para confirmar a condição.
Em pacientes com quadro clássico, não são necessários exames laboratoriais ou invasivos para estabelecer o diagnóstico. Entretanto, em algumas situações o médico pode lançar mão de métodos auxiliares para confirmar a suspeita ou avaliar a atividade da doença, como:
O manejo da alopecia areata envolve abordagem escalonada conforme a gravidade, extensão da perda capilar, idade do paciente e duração do quadro.
Deve-se considerar que a doença pode apresentar repilação espontânea. Entretanto, em alopecias extensas ou de longa duração, a chance de remissão espontânea é menor. Assim, o tratamento é indicado para acelerar o crescimento dos cabelos, melhorar resultados estéticos e reduzir o impacto psicossocial.
As principais modalidades terapêuticas da alopecia areata abrangem desde opções tópicas como corticosteroides de alta potência (clobetasol3), infiltrações intralesionais de triancinolona4 e minoxidil tópico ou oral5, até abordagens sistêmicas avançadas como imunossupressores não hormonais (metotrexato6 e ciclosporina7) e imunoterapia tópica de contato com DPCP (difenilciclopropenona8) ou SADBE (éster dibutílico do ácido esquárico9).
Recentemente, o advento dos inibidores de Janus kinase (baricitinibe, tofacitinibe, ruxolitinibe) revolucionou o tratamento das formas graves, com resultados significativamente superiores aos tratamentos tradicionais.
Estudos demonstraram que esses fármacos podem alcançar até 38,8% de repilação em casos graves, oferecendo resultados mais eficazes e duradouros do que tratamentos anteriores, embora os custos ainda sejam elevados, podendo chegar a R$ 6,5 mil mensais.10
Terapias emergentes, como fotobiomodulação (LLLT), fototerapia UVB de banda estreita11 e laser excimer12 complementam e potencializam resultados, permitindo abordagens altamente personalizadas que promovem recuperação capilar eficaz e duradoura.
Diante do arsenal terapêutico em expansão, uma modalidade que tem despertado interesse é a fotobiomodulação por luz de baixa potência – popularmente conhecida como LEDterapia.
O Boné Capellux é um dispositivo desse tipo, projetado para uso domiciliar, que emite luz vermelha de baixa potência através de diodos distribuídos pelo couro cabeludo.
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Em termos de mecanismo de ação, a Low-Level Light Therapy (LLLT), ou LEDterapia, exerce efeitos biológicos que promovem o crescimento capilar e modulam a inflamação folicular.
Estudos sugerem que a luz vermelha, em comprimentos de onda específicos, penetra na pele e é absorvida por cromóforos celulares – sobretudo a enzima citocromo c oxidase, nas mitocôndrias – levando ao aumento da produção de ATP e à liberação de fatores de sinalização.
Consequentemente, a LLLT estimularia os folículos em fase telógena a reentrarem em fase anágena de crescimento e prolongaria a duração dessa fase ativa do ciclo do pelo.13
Além disso, há evidências de efeitos anti-inflamatórios locais: a irradiação de baixa potência poderia induzir apoptose de linfócitos peribulbares patogênicos e reduzir citocinas pró-inflamatórias, ajudando a restaurar o privilégio imunológico do folículo (mecanismo similar ao observado na imunoterapia de contato e na fotoestimulação).
O racional é que a fototerapia de baixa potência biomodula o microambiente folicular – tanto energizando as células da papila dérmica para produzirem fios mais espessos, quanto atenuando a resposta autoimune no bulbo.
Do ponto de vista de evidências clínicas, a utilização de LLLT em alopecia areata vem acumulando dados encorajadores. Historicamente, a LLLT mostrou eficácia comprovada na alopecia androgenética, o que levou à sua aprovação para esse fim.
Na alopecia areata, embora os estudos sejam em menor número, os resultados apontam benefício real. Em particular, a LLLT com lasers diodo ou LEDs vermelhos mostrou uma eficácia média de aproximadamente 50% na alopecia areata – isto é, em torno de metade dos pacientes apresentam melhora significativa na contagem ou na densidade dos fios. Essa taxa de resposta coloca a LLLT como potencial coadjuvante valioso, comparável a terapias consagradas.14
Não há relatos de efeitos sistêmicos importantes. Isso torna a LLLT particularmente atrativa para pacientes que não podem ou não desejam usar medicações sistêmicas agressivas, como crianças ou mulheres em idade fértil preocupadas com teratogenicidade de fármacos.
Naturalmente, é preciso considerar que a LLLT sozinha pode não ser suficiente em todos os casos – assim como outras terapias, a resposta varia por indivíduo. O consenso emergente é que a fototerapia de baixa intensidade pode complementar os tratamentos médico-farmacológicos.
Outra situação vantajosa é na manutenção após obtenção de repilação completa: ao invés de manter o paciente em terapias sistêmicas prolongadas (com potenciais efeitos adversos), pode-se optar por manter sessões de LLLT semanais ou uso domiciliar de aparelho LED para tentar evitar recidivas, aproveitando seu efeito imunomodulador leve contínuo.
Assim sendo, o Boné Capellux – dispositivo de fotobiomodulação por LED de baixa potência – tem fundamentação científica para auxiliar no tratamento da alopecia areata.
Integrar a fototerapia de baixa potência ao plano terapêutico da alopecia areata – seja como monoterapia em casos muito iniciais/limitados, seja associada aos tratamentos médicos em casos moderados a severos – é uma estratégia válida e segura, com respaldo na literatura recente.
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1. SIBBALD, Cathryn. Alopecia areata: an updated review for 2023. J Cutan Med Surg, [s.l.], v. 27, n. 3, p. 241–259, 20 jun. 2023. Disponível em: <https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10291119/>. Acesso em: 1 maio 2025. DOI: 10.1177/12034754231168839.
2. WAŚKIEL-BURNAT, Anna; OSIŃSKA, Marta; SALIŃSKA, Anna; BLICHARZ, Leszek; GOLDUST, Mohamad; OLSZEWSKA, Małgorzata; RUDNICKA, Lidia. The Role of Serum Th1, Th2, and Th17 Cytokines in Patients with Alopecia Areata: Clinical Implications. Cells, v. 10, n. 12, p. 3397, 2 dez. 2021. DOI: 10.3390/cells10123397. Disponível em: <https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8699846/>. Acesso em: 1 maio 2025.
3. LEVINBOOK, Wendy S. Alopecia areata. MSD Manual – Profissional. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-de-pelos-e-cabelo/alopecia-areata>. Acesso em: 1 maio 2025.
4. SOUSA, V. B. Eficácia da betametasona intralesional versus triancinolona acetonida no tratamento da alopecia areata. 2020. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Campus de Sobral – Universidade Federal do Ceará, Sobral, 2020. Disponível em: <https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/50691>. Acesso em: 1 maio 2025.
5. NATIONAL ALOPECIA AREATA FOUNDATION. Available Treatments. NAAF. Disponível em: <https://www.naaf.org/available-treatments-2/>. Acesso em: 1 maio 2025.
6. HAMMERSCHMIDT, Mariana; BRENNER, Fabiane Mulinari. Efficacy and safety of methotrexate in alopecia areata. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 89, n. 5, p. 729–734, set./out. 2014. Disponível em: <https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4155950/>. Acesso em: 1 maio 2025.
7. NOWACZYK, Joanna; MAKOWSKA, Karolina; RAKOWSKA, Adriana; SIKORA, Mariusz; RUDNICKA, Lidia. Cyclosporine with and without systemic corticosteroids in treatment of alopecia areata: a systematic review. Dermatology and Therapy, Heidelberg, v. 10, n. 3, p. 387–399, 8 abr. 2020. Disponível em: <https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7211785/>. Acesso em: 1 maio 2025.
8. CHIANG, Katherine S.; MESINKOVSKA, Natasha A.; PILIANG, Melissa P.; BERGFELD, Wilma F. Clinical efficacy of diphenylcyclopropenone in alopecia areata: retrospective data analysis of 50 patients. Journal of Investigative Dermatology Symposium Proceedings, v. 17, n. 2, p. 50–55, nov. 2015. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1087002416300284>. Acesso em: 1 maio 2025.
9. MOUSSA, Anthony; BOKHARI, Laita; SINCLAIR, Rodney D. Alopecia areata: a review of diagnosis, pathogenesis and the therapeutic landscape. Wound Practice and Research, v. 30, n. 1, p. 24–33, 2022. Disponível em: <https://journals.cambridgemedia.com.au/wpr/volume-30-number-1/alopecia-areata-review-diagnosis-pathogenesis-and-therapeutic-landscape>. DOI: 10.33235/wpr.30.1.24-33. Acesso em: 1 maio 2025.
10. MÉDICOS lançam novo consenso para tratar alopecia areata, que causa queda de cabelo; veja o que muda. Estadão, São Paulo, 2025. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/saude/medicos-lancam-novo-consenso-para-tratar-alopecia-areata-que-causa-queda-de-cabelo-veja-o-que-muda/>. Acesso em: 1 maio 2025.
11. WELSH, Oliverio. Phototherapy for alopecia areata. Journal of Dermatological Treatment, 2016. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0738081X1630150X>. Acesso em: 1 maio 2025.
12. SCHATLOFF, Dan Hartmann; ALTBIR, Catalina Retamal; VALENZUELA, Fernando. The role of excimer light in dermatology: a review. Anais Brasileiros de Dermatologia, 2024. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/abd/a/VfsxDMmDdh4VTHqyG5rKTFL/?format=pdf&lang=en>. Acesso em: 1 maio 2025.
13. JEAN-PIERRE, Philippe; PULUMATI, Anika; KASHERI, Eli; HIRSCH, Melanie; NOURI, Keyvan. Lasers in the management of alopecia: a review of established therapies and advances in treatment. Lasers in Medical Science, v. 39, n. 1, p. 102, 17 abr. 2024. DOI: 10.1007/s10103-024-04054-7. Disponível em: <https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11023987/>. Acesso em: 1 maio 2025.
14. JAFARI, Mohammad Amin; BAZGIR, Ghazal; HOSSEINI-BAHARANCHI, Fatemeh Sadat; JAFARZADEH, Alireza; GOODARZI, Azadeh. Efficacy and Safety of Laser Therapy and Phototherapy in Cicatricial and NonCicatricial Alopecia: A Systematic Review Study. Health Science Reports, v. 7, n. 11, e70180, 4 nov. 2024. DOI: 10.1002/hsr2.70180. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39502132/>. Acesso em: 1 maio 2025.